terça-feira, 16 de novembro de 2010

Documentos imagéticos


As múltiplas possibilidades de ocorrência da imagem, nos arquivos, nos fez optar pela denominação documentos imagéticos. Essa expressão propõe englobar as diversas categorias da imagem de modo mais amplo do que os termos fotografia, pintura, obras de arte etc. A rubrica iconografia foi descartada basicamente por este termo estar incomodamente associado (direta ou indiretamente) tanto às questões da imagem enquanto linguagem, como à identificação de conteúdos na imagem. O objeto central de nossas indagações é o documento de arquivo de gênero imagético, independentemente de suas implicações icônicas ou lingüísticas. 

Uma rubrica ligada primordialmente à imagem é conceitualmente mais operativa. Essa ampliação permite entender o diferencial dado pela dimensão imagética do documento de arquivo e as respectivas implicações quanto à percepção visual. A dimensão imagética não exclui, a priori a análise de conteúdo dos documentos do ponto de vista técnico, artístico, simbólico, histórico, cultural etc. Os estudos iconológicos de Panofsky, que tratam da questão da perspectiva são fundamentais para a discussão da fotografia. É justamente no conceito de documento que a representação imagética reproduzida acima impõe uma análise além da estética e da representação artística para levar em consideração os aspectos de produto cultural ligado à difusão editorial de obra literária. Arte, imagem e sociedade se imbricam na análise de documentos imagéticos de arquivo. 

A organização de documentos imagéticos de arquivo deve ir além da mera descrição técnica, posto que, muitas vezes, os conteúdos visuais estão inseridos em uma trama de relações bastante mais complexa do que "descritores" e tesauros. Sem nenhuma preocupação com as questões arquivísticas, o historiador da arte Jorge Coli lança essa semana um estudo sobre algumas das relações entre arte e sociedade, inserindo alguns documentos imagéticos (as obras de arte) em um contexto amplo de relações. Para aqueles interessados em melhor visualizar as obras analisadas pelo autor há uma galeria publica de imagens aqui


A sinopse da editora assim apresenta a obra:
  • Jorge Coli, professor titular da Universidade de Campinas e um dos grandes especialistas na arte do século XIX, revisita com originalidade as obras de mestres como Goya, David, Ingres, Manet, Courbet e pintores brasileiros como Pedro Américo e Almeida Jr. Com um olhar livre de esquemas teóricos prévios, atento sobretudo às próprias obras, o autor traça relações inesperadas entre arte, cultura e sociedade. A ideia que norteia seu percurso é a de liberdade do homem. Nas suas próprias palavras: “Todos os estudos aqui presentes trazem, como pressuposto ou como centro, aspectos da liberdade nas artes durante o século XIX – pública, política, coletiva, individual ou artística. Esta liberdade, una e múltipla, reveste-se de um vivido sensível, no qual o corpo, bem físico, é o protagonista”.

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